e-revista Brasil Energia 485

20 Brasil Energia, nº 485, 29 de fevereiro de 2024 biocombustível Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) e a Frente Parlamentar Mista do Biodiesel do Congresso Nacional (FPBio). A proposta de aumento da mistura faz parte do Projeto de Lei 4516/23, o PL Combustível do Futuro, como o governo o vem chamando, atualmente em discussão na Câmara dos Deputados. Em abril do ano passado, o CNPE determinou a elevação do teor de biodiesel de 10% para 12%. A mistura chegará a 14% a partir de março deste ano e pode alcançar 15% em 2025. No entanto, o Combustível do Futuro propõe que a mistura chegue a 20% ou 25%. Segundo o presidente da FPBio, deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), os estudos técnicos reafirmam a capacidade das plantas industriais para atender a demanda. O atual parque industrial conta com 60 usinas, sendo que 10 estão em processo de expansão e oito em construção. Com a capacidade, a pesquisa destaca que seria possível produzir o B20. Após as expansões, o potencial chegaria a 16,25 bilhões de litros e seria possível atender aproximadamente 25% da mistura de biodiesel. “[O levantamento destaca] a necessidade de aprovar no Congresso o Combustível do Futuro, que dá as garantias de decenalidade, previsibilidade e segurança jurídica”, comentou o deputado. A produção de biodiesel no ano passado foi de 7,5 bilhões de litros e pode chegar a 8,9 bilhões de litros neste ano. De acordo com levantamento do CNPE, o volume pode alcançar a marca de 10,1 bilhões em 2025. Matéria-prima O biodiesel, segundo as entidades, também estimula o processamento da soja em grão, que agrega valor à cadeia produtiva. De 2008 a 2022, mais de 200 milhões de toneladas de soja foram esmagadas pela crescente demanda do biocombustível. O volume representa 33% do total processado no período, de cerca de 600 milhões de toneladas. “Considerando que o óleo de soja é a principal matéria-prima para a fabricação do biodiesel, o setor projeta uma produção de 10,9 milhões de toneladas em 2024, das quais 5 milhões serão destinadas para a fabricação do biocombustível. No caso de B20, a demanda pelo óleo de soja está estimada em 8,7 milhões de toneladas”, comenta Daniel Amaral, Diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da Abiove. Outra matéria-prima são as gorduras animais, com participação de cerca de 10% do total de biodiesel produzido. Como a produção do produto independe do mercado consumidor, a cadeia do biocombustível é importante no setor de reciclagem animal para promover uma vazão volume produzido. “O aumento estimado em 2,6 bilhões de litros de biodiesel, mantidas as proporções atuais, implicaria em um aumento de 400 mil litros de gorduras animais consumidas, volume facilmente absorvível frente aos 2,5 bilhões de litros produzidos anualmente”, comentou o presidente do Conselho Diretivo da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (Abra), Pedro Bittar. O óleo de cozinha usado também tem importante participação como insumo na produção de biodiesel e pode representar cerca de 15% no Sudeste. A matéria-prima é considerada residual e não são atribuídas emissões de gases de efeito estufa ao insumo, o que maximiza o potencial de descarbonização do biodiesel. n

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