10 Brasil Energia, nº 486, 19 de abril de 2024 petróleo Novas Fronteiras A produção de petróleo no Brasil está se aproximando do ápice, considerando as reservas atuais, e, ao menos por enquanto, não há perspectivas de ampliar esse horizonte de oferta. Frente ao amadurecimento do pré-sal e às proteções ambientais da Margem Equatorial, quais são as alternativas para o país manter a autossuficiência em óleo na próxima década? Para abordar o tema numa série de matérias especiais, a Brasil Energia ouviu especialistas do governo e da iniciativa privada, e se propõe a destrinchar o perfil e oportunidades das principais bacias, em publicações seguintes. “A classificação de risco de uma área está diretamente ligada à capacidade tecnológica para explorá-la naquele momento. Bacias sedimentares hoje desconhecidas poderão ser mais atraentes no futuro, a depender de ferramentas tecnológicas que rompam barreiras de conhecimento”, avalia o geólogo e consultor João Clark. Ele cita o exemplo da Bacia do Paraná, com a maior parte da sua área coberta por derrames de basalto, uma rocha vulcânica que impede a produção de imagens de qualidade nas camadas inferiores. “Era assim no pré-sal. Até o começo do atual século, não se conseguia enxergar abaixo das camadas de sal e a perfuração de poços nesses ambientes eram caríssimas e demoradas. Hoje, esses paradigmas tecnológicos já foram quebrados”, afirmou. O Brasil conta com 684 bacias sedimentares, entre terrestres e marítimas. Mas apenas 52 têm dimensões razoáveis. Desse total, 22 bacias estão mais alinhadas com as expectativas do setor, segundo o último Zoneamento Nacional de Recursos de Óleo e Gás divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O maior esforço exploratório se concentrou, nas últimas décadas, nas bacias de Campos e Santos, sobretudo no pré- -sal, que responde por 76% da produção diária de óleo e gás, de 4,3 milhões de barris de óleo equivalente (boe), de acordo com os dados da ANP relativos a fevereiro deste ano. A região, no entanto, demonstra esgotamento. O campo de Tupi está em declínio há três anos e o de Búzios está chegando ao limite do seu desenvolvimento. “Como vamos repor reservas se o nosso alvo é principalmente águas profundas? Precisamos nos antecipar. Já estamos perdendo tempo”, questiona a ex-diretora geral da ANP e sócia da Chambriard Engenharia e Energia, Magda Chambriard. O atual diretor-geral da agência, Rodolfo Saboia, concorda que “sem a exploração de novas fronteiras, poderemos voltar a ser dependentes de importação de petróleo”. Por enquanto, o mercado entende como nova fronteira a Margem Equatorial, que teria um potencial comercial evidente, sobretudo na Bacia da Foz do Amazonas, considerando o sucesso da vizinha Guiana. O debate entre a indústria de óleo e gás e ambientalistas sobre a exploração da área, porém, se arrasta e não há sinais de uma conclusão. O presidente do
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