Brasil Energia, nº 486, 19 de abril de 2024 103 Um laboratório em alto mar, o navio Vital de Oliveira, da Marinha, partiu de Fortaleza (CE) no dia 31 de março, com 130 pesquisadores e militares a bordo, num projeto liderado pela Petrobras. O destino é o extremo norte do Amapá, quase na fronteira com a Guiana Francesa. O objetivo, recolher o máximo de dados sobre o ecossistema das águas rasas da cobiçada Bacia da Foz do Amazonas. O planejamento prevê navegação durante 31 dias, com o mar agitado em alguns trechos, em busca, principalmente, de imagens do fundo do litoral do Amapá, a cerca de 200 metros de profundidade, a 150 km da costa. A bordo estão especialistas no ambiente marinho, como oceanógrafos, e na indústria do petróleo, como geólogos – de 12 universidades e do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes). Há também, entre eles, adolescentes, estudantes de graduação, pesquisadores de primeira viagem. “São alunos da oceanografia, biologia, geologia, que vão receber o material já a bordo, para iniciar as pesquisas. Para eles é muito importante ter essa vivência no mar, essa experiência real, concreta, com o objeto de estudo deles”, afirmou Ana Clara de Souza, professora do departamento de Geologia da Universidade Federal do Ceará. O conhecimento do litoral do Amapá faz parte dos planos da Petrobras de explorar a Foz do Amazonas. A empresa se defronta com resistências de ambientalistas de peso, inclusive do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente (MMA), para levar adiante sua maior aposta em novas fronteiras, frente ao amadurecimento do pré-sal. O órgão ambiental, no entanto, é rígido na cobrança de informações detalhadas da Petrobras sobre as chances e consequências de um possível derramamento de óleo do poço FZA-M-59, na bacia, alvo do pedido de licenciamento da empresa. A primeira tentativa da estatal de receber a autorização foi frustrada no ano passado. A expedição que partiu do Ceará não está diretamente relacionada ao licenciamento. O navio sequer vai se aproximar do local onde a empresa pretende perfurar seu primeiro poço, em águas profundas do Amapá, a 500 km da costa. “Não serão feitos estudos exploratórios de petróleo. Faremos estudos para entender as características ambientais”, disse Halesio Milton de Barros Neto, biólogo marinho do Cenpes, líder da missão. “Para ter segurança ambiental, é preciso ampliar ainda mais o conhecimento disponível na região, que será considerado nos investimentos”, complementa. A Petrobras está montando uma carteira de projetos de pesquisa para estudar a Margem Equatorial. Nesse momento, a empresa foca no Amapá, mas, ao longo dos próximos anos, serão lançados editais de pesquisa para outros estados da região. “A pesquisa oceanográfica no Brasil é difícil de se fazer por conta da disponibilidade de navios e tecnologias, que são muito caros”, ressaltou Barros Neto. Equipamentos No laboratório do Vital de Oliveira há cerca de 30 telas. Por cerca de 24 horas
RkJQdWJsaXNoZXIy NDExNzM=