e-revista Brasil Energia 486

58 Brasil Energia, nº 486, 19 de abril de 2024 biocombustíveis dentes da importação de enzimas de altos valores utilizadas nos processos, que chegam a representar até 50% do custo de produção. O desenvolvimento foi possível com o domínio da produção de coquetéis enzimáticos de alta eficiência a partir de uma linhagem do fungo Trichoderma reesei. O LNBR já conseguiu depositar duas patentes da plataforma fúngica no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), segundo o diretor científico do laboratório, Mario Murakami. E as patentes já estão disponíveis para licenciamento. De acordo com Murakami, a validação do bioprocesso em escala de planta piloto tem demonstrado robustez, o que indica maturidade tecnológica suficiente para a transferência para a escala real. “O desenvolvimento da plataforma fúngica em ambiente industrialmente relevante resultou em uma eficiência equivalente a laboratorial, indicando grande robustez do bioprocesso e da cepa desenvolvida”, disse à Brasil Energia. Conforme explica, a validação, de forma sistemática na planta piloto, produz enzimas em escala de 300 L, com desempenho igual ou superior aos parâmetros obtidos em laboratório. “Essa etapa de otimização do bioprocesso utilizando uma abordagem no estado-da-arte permitiu aplicar fatores de correção da não linearidade de um bioprocesso de bancada para um em ambiente industrialmente relevante, resultando em estabilidade no bioprocesso e alta reprodutibilidade”, diz. Em laboratório, com modificações no fungo, os cientistas observaram uma produção de cerca de 80 g/L de enzimas, considerada a mais alta já descrita em publicação científica em periódico (Biotechnology for Biofuels, em maio de 2023) a partir de fontes de carbono (açúcar) de baixo custo. Além da alta concentração de enzimas por g/L, o coquetel produzido pelo fungo geneticamente modificado também apresentou eficiência de sacarificação da ordem de 60-70%, números próximos aos vistos em coquetéis comerciais. No momento, revela o diretor do LNBR, há duas empresas customizando a plataforma fúngica para suas aplicações. “E estamos em fase final de negociação com outra empresa para o seu licenciamento para desenvolvimento conjunto”, disse. O interesse do mercado não é fortuito. Segundo ele, a tecnologia já demonstrou ter eficiência comparável com várias soluções comerciais, podendo substituir ou ser uma solução alternativa para produtos estrangeiros. Murakami ressalta ainda que a tecnologia é altamente customizável, o que cria inúmeras oportunidades de tornar a solução mais eficiente de acordo com a aplicação. Ainda de acordo com o diretor do LNBR, a tecnologia pode ser alternativa nacional para o uso em biorrefinarias, o que aumentaria as oportunidades para produção não apenas de etanol 2G como também de outros produtos de valor agregado a partir de açúcares avançados, ou seja, açúcares oriundos da desconstrução de resíduos lignocelulósicos.

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