Bruna de Souza Moraes • Bruno Armbrust • Claudio Sales • Edmar de Almeida • Frederico Accon • Jerson Kelman • José Almeida dos Santos • Luiz Eduardo Barata • Marcelo Souza de Castro • Márcio Ávila • Mariana Mattos • Osmani Pontes • Paula Kovarsky • Paulo Cunha •Rubem Cesar Souza • Telmo Ghiorzi • Wagner Victer • Zilmar de Souza ANÁLISES energiahoje.com / petroleohoje.com Ano 43 - No 488 - brasilenergia.com INOVAÇÃO Conheça o que fazem a Equinor, Petrobras e TotalEnergies Instituto Senai opta por apoiar baterias de íons-lítio no Paraná EÓLICA Estudo da Corio com EBR visa conhecer o ambiente no Sul ENTREVISTA Antonio Bolognesi, WTEEC CONSUMIDOR Datacenters devoradores de energia são uma oportunidade? Os conselhos de consumidores existem, mas como funcionam? ESPECIAL ES OIL&GAS ENERGY Cadeia produtiva capixaba cresce com o setor petróleo GÁS NATURAL Como avança o mercado com a entrada de novos agentes PETRÓLEO Oportunidades e desafios para descomissionar plataformas
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Diretor Presidente Celso Knoedt Diretores Alessandra Alves Patricia Quintão Rosely Maximo Editora Executiva Rosely Máximo Redatores Ana Luisa Egues Celso Chagas Chico Santos Esther Obriem Eugenio Melloni Fernanda Legey Fernanda Nunes Marcelo Furtado Nelson Valencio Sabrina Lorenzi Colunistas Bruna Moraes, Bruno Armbrust, Claudio Sales, Edmar de Almeida, Eduardo Tobias, Frederico Accon, Gonçalo Pereira , Heitor Paiva, Ieda Gomes, Jerson Kelman, José Almeida, Luiz Eduardo Barata, Marcelo Castro, Márcio Avila, Marcus D’Elia, Mariana Mattos, Osmani Pontes, Paula Kovarsky, Paulo Cunha, Rubem Cesar Souza,Telmo Ghiorzi,Thiago Bao Ribeiro,Wagner Victer, Zilmar de Souza Tratamento de Dados Mauricio Fagundes Programação Visual Ana Beatriz Leta Rafael Quintão Impressão Gráfica Trena ASSINATURAS Assinaturas Alessandra Alves assinaturas@brasilenergia.com.br Tel: (21) 3503-0303 / 98702-4237 A e-revista Brasil Energia é uma publicação aberta, suportada unicamente por seus patrocinadores e anunciantes. Publicada desde março de 1982, disponibiliza um acervo, a maior parte digital, de mais de 40 anos registrando os principais fatos e cenários do setor energético brasileiro Você também pode querer assinar uma das nossas publicações especializadas e receber como bônus acesso antecipado ao conteúdo da revista Brasil Energia: • Brasil Energy: Anual, R$ 1.575; Mensal, R$ 150 • Cenarios Eólica: Anual, R$ 1.390 • Cenarios Gás: Anual, R$ 1.390 • Cenarios Petróleo: Anual, R$ 1.390 • Cenarios Solar: Anual, R$ 1.390 • EnergiaHoje: Anual, R$ 1.220; Mensal, R$ 120 • PetroleoHoje: Anual R$ 1.220; Mensal R$ 120 Atendimento ao assinante Tel: (21) 3503-0303 / 98702-4237 PUBLICIDADE Paula Amorim publicidade@brasilenergia.com.br Rio de Janeiro Lúcia Ribeiro - (21) 97015-4654 São Paulo Alex Martin - (11) 99200-0956 Fernando Polastro - tel/fax: (11) 5081-6681 EDITORA BRASIL ENERGIA LTDA RUA CONSELHEIRO SARAIVA, 28 SALA 601 20091-030 - RIO DE JANEIRO Tel (21) 3503-0303 Petróleo, clima e o consumidor Como na Terceira Lei de Newton, em que toda ação promove uma reação oposta de igual intensidade, seria de se esperar que a indústria de óleo e gás destinasse atenção, decisão e investimentos em resposta ao despertar e justo clamor da sociedade contra os efeitos no ambiente que a produção de fontes fósseis nos traz. O que neste caso difere da equação newtoniana é o caráter de reação oposta. A indústria não se opõe, mas soma. Afinal, quem trabalha na indústria também respira. Não faz muito tempo, era comum se ver nos jornais imagens de chapéus escuros da poluição sobre as grandes metrópoles, resultado da queima de combustíveis nas indústrias e nos transportes, retidos pelo fenômeno da inversão térmica. Duas soluções reduziram substancialmente o problema: o banimento do diesel 500 nos centros urbanos, substituído obrigatoriamente pelo S10 metropolitano, e o uso dos catalisadores pela indústria automobilística. Presentemente, a indústria de O&G corre contra o tempo perdido em busca de soluções tecnológicas que evitem a emissão de GEE tanto em seus processos produtivos quanto nos produtos que oferece ao mercado. Como exemplo, podemos citar o Hidrogênio produzido a partir do gás natural. No pensar da indústria, o H2 produzido com a captura de CO2 resultará em um produto tão puro quanto o H2 produzido pela via da eletrólise da água. Ou seja, o processo pode ter cores diferentes, mas se a captura do carbono for eficaz não haveria razão para se considerar o H2 final como verde, azul ou cinza. O juiz nesse caso será a própria sociedade quando, no papel de consumidor, escolher o hidrogênio de menor valor como premissa da Transição Energética Justa. Sabe-se que o H2 derivado do gás fóssil custa um quarto do valor do H2 produzido pela eletrólise da água. No entanto, é possível que a captura de carbono eleve o custo de produção da primeira via, da mesma forma que o uso em escalas maiores de eletrolisadores tornará essa via mais competitiva. Bingo. Permanecerá, ainda, o desafio da água como matéria prima para a segunda via. Os oceanos são salgados e, para dessalinizá-los, há custos ainda maiores de uso de energia. E os rios não podem mais ser represados por hidrelétricas a fio d’água. Mas essa é outra discussão para a sociedade se tornar consciente e resolver. Outra reação positiva com que a indústria de OG responde ao justo clamor da sociedade são os investimentos maciços em conhecimento, inteligência e soluções que o desafio da Transição Energética Justa nos traz. Nesta edição, por exemplo, mostramos os esforços de três petrolíferas – Equinor, Petrobras e Totalenergies – investindo maciços recursos no desenvolvimento da inteligência nacional em quatro universidades e centros de pesquisa. Este é um tema sem fim enquanto existirmos como Humanidade. Caminharemos inexoravelmente impulsionados pelo nosso natural instinto de sobrevivência e também cada dia mais conscientes dos cuidados com a casa que habitamos com os outros seres, neste planeta. 4 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 Esta edição da revista Brasil Energia foi impressa com tinta à base de soja em papel certificado, proveniente de reflorestamentos e outras fontes certificadas pelo FSC de acordo com rigorosos padrões sociais e ambientais.
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6 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 acesse nossas redes sociais Editora Brasil Energia BrasilEnergiaEditora editorabrasilenergia @brasilenergia edição 488 sumário INOVAÇÃO 08 TotalEnergies inaugura núcleos de pesquisa em três universidades 10 Instituto Senai lidera projeto de baterias de íons-lítio no Paraná 14 Equinor vai investir R$ 20 milhões em pesquisa na UFRN 16 Petrobras e instituto da PUC-Rio se unem em programa para desativação de poços com IA EÓLICA 18 Corio e EBR vão estudar implantação de parques no Sul GÁS NATURAL 20 O avanço da abertura do mercado de gás natural BIOENERGIA 104 São Paulo ampliará uso do lixo para geração de energia PETRÓLEO 30 Petrobras puxa descomissionamento, mas ganho de escala ainda é desafio 40 Porto do Açu quer ser parte da cadeia do descomissionamento CONSUMIDOR 54 Datacenters, os devoradores de energia 57 Para instituto americano, eficiência pode compensar consumo 58 IEA minimiza preocupação com consumo dos datacenters 88 Os Conselhos até existem, mas agora estão sendo questionados ESPECIAL ES OIL&GAS ENERGY 64 Cadeia produtiva capixaba cresce com o setor petróleo ENTREVISTA 108 Antonio Bolognesi, WTEEC
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 7 colunistas 97 FREDERICO ACCON O atraso no Licenciamento Ambiental e o direito na Transmissão 27 BRUNO ARMBRUST Gás para Empregar e nossa falta de objetividade 94 CLAUDIO SALES Governo prejudica agências represando recursos e concursos 61 EDMAR DE ALMEIDA Transição Energética no Mundo e na América Latina: Ambição e Realidade 113 BRUNA MORAES Resíduos sólidos urbanos: uma oportunidade jogada fora no Brasil 29 JERSON KELMAN Os lobbies na contramão do planejamento técnico 81 JOSÉ ALMEIDA DOS SANTOS A revolução potencial do shale gas e tight oil 48 MARIANA MATTOS Hidrogênio de baixo carbono e os incentivos fiscais 43 MÁRCIO ÁVILA Registro de Ocorrências, multa e os limites da boa-fé contratual 95 LUIZ EDUARDO BARATA Conta de luz: o orçamento paralelo cobiçado no Congresso Nacional 51 MARCELO CASTRO Desenvolvimento tecnológico e redução da pegada de carbono em OG 53 OSMANI PONTES O desafio da Petrobras no downstream e combustíveis alternativos 99 PAULA KOVARSKY Será que o ESG morreu? 85 PAULO CUNHA O inevitável caminho da eletrificação 83 RUBEM CESAR SOUZA Entendendo a Transição Energética na Amazônia 101 WAGNER VICTER 20 anos da EPE, com grande legado e visão para o futuro 103 ZILMAR DE SOUZA Térmica com geração renovável e os Leilões de Reserva de Capacidade 50 TELMO GHIORZI O Brasil no ranking do trilema de energia do WEC
8 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 inovação A TotalEnergies inaugurou no final de agosto três núcleos de pesquisa em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os núcleos são dedicados ao desenvolvimento de projetos para acelerar a transição para energias renováveis. Ao todo, os 40 projetos nos núcleos somam R$ 181 milhões em investimentos. Na Unicamp, são 11 projetos no Energy Transition Research Center (ETRC), seTotalEnergies monta núcleos de pesquisa em três universidades Os núcleos estão na USP, Unicamp e UFRJ, com 40 projetos focados na transição energética | POR FERNANDA LEGEY | RCGI, da USP, sedia um dos laboratórios, o InnovaPower RCGI/Divulgação
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 9 diado no Centro de Estudos de Energia e Petróleo (Cepetro), da Unicamp. Eles são voltados para tecnologias que contribuirão para a descarbonização do setor de óleo e gás, totalizando R$ 36 milhões em investimentos, e com mais de 120 pesquisadores envolvidos. Os projetos abordam as áreas de otimização da completação e perfuração de poços e novas tecnologias de garantia de escoamento, captura e armazenagem de carbono (CCS), desenvolvimento de energias renováveis com base em solar, e biogás e novas tecnologias de baterias. “A criação do ETRC viabiliza uma parceria ainda maior, que traz uma sinergia entre os projetos, recursos e pessoas; e que facilita o intercâmbio de pesquisadores tanto do Brasil quanto de outras instituições financiadas pela TotalEnergies no mundo”, disse o diretor do Cepetro, Marcelo Souza de Castro, acrescentando que será construído um prédio para abrigar os projetos, facilitando a sinergia entre eles. O Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da USP sedia o InnovaPower, especializado em projetos que contribuam para novas energias. Com cerca de R$ 80 milhões e 180 pesquisadores, são 13 projetos envolvendo geração solar, eólica, armazenamento, entre outros temas ligados à eletrificação. Para o diretor científico do RGCI, Julio Meneghini, os projetos do InnovaPower auxiliarão a explorar o potencial de geração de energia eólica offshore no Brasil. “Através destes projetos serão desenvolvidos sistemas para otimizar a produção e a distribuição de energia, tanto onshore como offshore, otimizando a sua infraestrutura atual, bem como endereçando questões ambientais”, completou o diretor. Já a UFRJ tem o SustLab RJ, centro de pesquisa voltado para projetos de gerenciamento e uso de CO2 e sustentabilidade. Os primeiros 16 projetos se dividem entre iniciativas para descarbonização e Laboratório de Energia e Sistemas Fotovoltaicos (LESF-M), no Cepetro, da Unicamp LESF-M
10 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 inovação | POR CELSO CHAGAS | O Instituto Senai de Inovação (ISI) em Eletroquímica do Paraná está à frente de um projeto que conta com R$68,8 milhões em recursos para dominar a produção de baterias de íons lítio, essenciais para veículos elétricos e híbridos, entre outras frentes. A ideia surgiu das discussões dentro do Grupo de Trabalho em baterias de íons-lítio (GT-7), no âmbito do Made in Brasil Integrado (MiBI), rede colaborativa para aumento da produtividade e da competitividade do setor, instituído em 2021 pelo governo federal. O projeto contará com a participação de 27 empresas de diferentes setores industriais, incluindo gigantes como Petrobras, Stellantis, Volkswagen, GM, Weg, Tupy, CBA e CNH. A aliança industrial visa apoiar no desenvolvimento de toda a cadeia de valor, desde a mineração até a fabricação de componentes. A iniciativa, que teve início em agosto, será desenvolvida ao longo de três anos e contará com recursos do programa Rota 2030 advindos do Senai Nacional e da Embrapii, com contrapartida financeira de todas as empresas participantes. Também terá apoio de instituições parceiras como o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), Lactec, Centro Técnico de Embalagens (Cetem) e Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados. Marcos Berton, pesquisador-chefe do ISI em Eletroquímica, conta que atualmente o Brasil é 100% dependente de importação dessas baterias. ConsideInstituto Senai lidera projeto de baterias de íons-lítio no Paraná Iniciativa conta com R$ 68,8 milhões em recursos e 27 empresas participantes para dominar a produção nacional dos equipamentos, essenciais para veículos elétricos e híbridos sustentabilidade e novas energias. Com investimento total de R$ 65 milhões, o centro tem a expectativa de receber 150 pesquisadores nos projetos. “A Coppe e a TotalEnergies já perceberam a importância de se investir no desenvolvimento de tecnologias de descarbonização de toda a cadeia de energia - desde as novas fontes até as tradicionais, passando também por novas oportunidades para a descarbonização dos ativos em operação através da captura, do armazenamento, do uso e da estocagem de carbono”, destacou a diretora da Coppe/UFRJ, Suzana Kahn. No Brasil, os investimentos são financiados pela cláusula de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) da ANP. Com investimentos de US$ 1 bilhão/ano em P&D globalmente e mais de 3,5 mil funcionários dedicados a esta área, a TotalEnergies aloca mais de 65% desse valor em projetos de novas energias (eletricidade renovável, novas moléculas), baterias e redução de pegada ambiental (metano, CCUS, água, biodiversidade).
12 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 inovação rando esse cenário, o conjunto de empresas está engajado em obter o domínio tecnológico da produção de células de íons-lítio nas geometrias cilíndrica e prismática. “Todos entenderam que é estratégia de Estado ter o domínio tecnológico da produção de células de íons-lítio e, ao mesmo tempo, apoiar no desenvolvimento da cadeia de valor, que passa pela mineração, pela transformação de minerais em metais e compostos químicos, o refino e a fabricação de componentes”, explica. Este esforço colaborativo busca elevar o nível de maturidade tecnológica (TRL) e de fabricação (MRL) para um estágio próximo à escala industrial. Os objetivos são reduzir a dependência de importações, fortalecer a economia nacional e colocar o Brasil na vanguarda da tecnologia de baterias de íons-lítio. O desenvolvimento das células de bateria será operacionalizado em uma planta piloto instalada no Campus da Indústria, em Curitiba, no Paraná. Após a conclusão do projeto, será possível auxiliar as indústrias nacionais a desenvolverem seus processos, materiais, componentes, produtos e protótipos envolvendo células de íons-lítio ou módulos e packs. Instituto Senai de Inovação (ISI) em Eletroquímica do Paraná está à frente do projeto Estruturante de Baterias de íons-lítio
Jornalismo especializado em negócios e oportunidades Com PetróleoHoje você acompanha diariamente o business entre empresas de OG e seus fornecedores e as políticas públicas que afetam os negócios hoje e em futuro próximo. Por menos de R$4 por dia você tem: Acesso ilimitado à Editoria de Petróleo e Gás Newsletter diária PetróleoHoje (noite) Newsletter diária Hoje na Mídia (manhã) Artigos dos Colunistas e-Revista Brasil Energia Newsletter Mais Lidas da Semana Newsletter Opinião (mensal) Serviços Assine ou compre créditos para ler as matérias que quiser! Escaneie o QR Code e conheça os planos! brasilenergia.com.br/petroleoegas
14 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 inovação | POR ANA LUISA EGUES | A Equinor firmou parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), por meio de seu Laboratório de Arquiteturas Paralelas para Processamento de Sinais (LAPPS), para investir cerca de R$ 20 milhões em um projeto de P&D que visa melhorar a resolução de imagens extraídas a partir de dados sísmicos no pré-sal. A pesquisa, que beneficiará os cursos de Engenharia de Computação, Engenharia de Petróleo, Geofísica e Física vai desenvolver um software, denominado de “Deconvolução não-estacionária e imageamento para sísmica de alta resolução”, que terá código aberto, ou seja, livre para uso comercial, acadêmico e pessoal. O projeto de pesquisa contará com uma equipe de cerca de 27 pesquisaEquinor destina R$ 20 milhões para pesquisa na UFRN A parceria com o Laboratório de Arquiteturas Paralelas para Processamento de Sinais (LAPPS) visa melhorar a resolução de imagens extraídas a partir de dados sísmicos no pré-sal
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 15 dores, entre docentes, doutores e estudantes de pós-graduação e graduação. As inscrições para as vagas de Doutorado, Pós-doutorado e Engenharia de Software estão abertas, e a Equinor afirma que 17 pesquisadores serão contratados. “Desde 2009, já investimos cerca de R$520 milhões em projetos de P&D no Brasil. Acreditamos que desta forma todos saem ganhando: a academia, que passa a fomentar ainda mais a ciência; a Equinor, que ganha mais um importante aliado para contribuir com a segurança energética, enquanto caminha para um futuro neutro em carbono; e para a sociedade, que é impactada positivamente pelas novas tecnologias que irão surgir”, afirmou Andrea Achoa, gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Equinor Brasil. “A UFRN tem um longo histórico de parceria com a indústria de petróleo e gás através da cláusula de investimento obrigatório da ANP. Este projeto amplia essa atuação com o atendimento a uma demanda estratégica para a Equinor”, disse Samuel Xavier, coordenador do projeto. Intercâmbio de experiências A Equinor também informou que o projeto vai possibilitar o intercâmbio de experiências entre os pesquisadores da UFRN com unidades técnicas da Equinor. Os cientistas brasileiros estarão em contato direto com pares nos Departamentos de Pesquisa da Equinor, no Brasil, na Noruega e nos EUA. O LAPPS, laboratório filiado ao Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN), desenvolve pesquisas básicas e aplicadas, principalmente em colaboração com parceiros acadêmicos industriais ao redor do mundo. Na parceria com a Equinor, os pesquisadores abordarão aspectos relacionados à geofísica, prospecção e exploração. De acordo com Tiago Barros, vice- -coordenador do projeto, a parceria formará recursos humanos especializados na área, oferecendo oportunidades para alunos de graduação, mestrado e doutorado, tanto na pesquisa quanto na indústria. A expectativa é que o LAPPS se torne uma referência nacional e internacional na área. UFRN: parceria com a Equinor vai beneficiar os cursos de Engenharia de Computação, Engenharia de Petróleo, Geofísica e Física Cícero Oliveira/Divulgação UFRN
Plataforma semissubmersível SS-60 16 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 inovação | POR ANA LUISA EGUES | A Petrobras assinou um Termo de Cooperação com o Instituto Tecgraf de Desenvolvimento de Software Técnico-Científico da PUC-Rio para utilização de Inteligência Artificial (IA) na desativação definitiva de poços de petróleo. O programa, batizado de Pront-Aban 2.0, proporcionará uma economia de R$ 100 milhões até 2030 e de cerca de mil horas de trabalho convencional mensais, segundo a estatal. O acordo entre Petrobras e Puc foi assinado em junho deste ano e o desenvolvimento das soluções baseadas em IA começou em julho, com as primeiras entregas agendadas para julho de 2025. O programa já foi utilizado nas bacias de Santos, Campos e Espírito Santo. A Petrobras investiu R$ 6,7 milhões no programa e investirá mais R$ 7,3 milhões nos próximos três anos. O abandono de poços consiste em procedimentos realizados no fim da vida útil dos poços para isolamento e fechamento permanente da instalação, com o objetivo de impedir que o óleo ou gás migre dos reservatórios para o leito marinho. O programa auxiliará os técnicos da Petrobras a acompanharem o planejamento detalhado de recursos submarinos no horizonte do Planejamento Estratégico 20242028 por meio da IA, para extrair informaPetrobras e instituto da PUC-Rio desenvolvem programa para desativação de poços com IA Estatal e o Tecgraf/PUC-Rio assinaram Termo de Cooperação para utilização de Inteligência Artificial (IA) na desativação definitiva de poços de petróleo. Estima-se que o programa proporcionará uma economia de R$ 100 milhões até 2030
SSOil Energy realiza sua primeira grande aquisição de petróleo de origem brasileira! Após cerca de dois anos de operações, a refinaria adquiriu seu primeiro lote significativo de petróleo brasileiro, o Urucu, fornecido pela Petrobras e extraído no estado do Amazonas. Essa aquisição reforça o compromisso da SSOil em fortalecer parcerias com produtores de petróleo e condensado no Brasil, priorizando o refino de produtos nacionais. O volume adquirido, cerca de 272 mil barris (bbl), será refinado nas unidades de destilação atmosférica da companhia. Acesse nosso site, www.ssoilenergy.com, e acompanhe de perto nossas operações! Tecnologia impulsiona futuro que o SAIBA MAIS Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 17 ções de documentos como boletins operacionais e planejamento orçamentário. O Pront-Aban 2.0 monitora o fornecimento de insumos e recursos físicos – como sondas e serviços de construção de poço ou de engenharia submarina – na desativação permanente dos poços, para que o uso seja racionalizado. Segundo a Petrobras, houve uma eficiência de mais de 99,5% na alocação de sondas para essas atividades em 2023. “A Petrobras faz a gestão do fim de vida produtiva de seus sistemas de produção de forma segura, com respeito às pessoas e ao meio- -ambiente. A IA será nossa parceira na reciclagem sustentável dos sistemas de produção”, afirmou Renata Baruzzi, diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras. O Tecgraf/Puc-Rio é uma Unidade Embrapii (Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), atuando na área de competência “Soluções Computacionais em Engenharia”, com o objetivo de desenvolver sistemas técnico-científicos complexos, que exigem pesquisas avançadas e soluções inovadoras para responder aos desafios tecnológicos da indústria. O instituto é uma unidade credenciada da ANP, com autorização para desenvolver projetos com recursos oriundos da Cláusula de Investimento em PD&I. É credenciado também pelo Cati (Comitê da Área de Tecnologia da Informação) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e Comunicações para receber incentivos previstos na Lei de Informática (Lei nº 8.248/91). n
18 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 eólica offshore Corio e EBR estudam implantação de parques no Sul Empresas assinam acordo para avaliar como a infraestrutura do estaleiro pode apoiar a instalação de dois parques na costa sul do país | POR CELSO CHAGAS |
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 19 A Corio Generation e a Estaleiros do Brasil (EBR) assinaram um memorando de entendimento para explorar como as instalações da construtora de plataformas flutuantes para a indústria de óleo e gás em São José do Norte (RS) poderiam suportar futuros projetos eólicos na costa sul do Brasil. A infraestrutura da EBR, localizada perto do porto de Rio Grande, poderia apoiar a implantação de dois parques previstos pela desenvolvedora global de energia eólica offshore para o Sul do país - Cassino Offshore Wind (1.200 MW) e Rio Grande Offshore Wind (1.200 MW) - e reservar parte de uma área utilizada para facilitar os projetos. A Corio, do fundo australiano Macquarie, pretende instalar cinco parques eólicos offshore no Brasil, totalizando até 6 GW, como parte de seu portfólio global de projetos nas Américas, Ásia-Pacífico e Europa. Quatro desses projetos, totalizando aproximadamente 4,8 GW, estão localizados nas costas sul e sudeste brasileiras. A EBR cobre uma área de aproximadamente 1,7 milhões de m2, e a parceria vai avaliar como a expertise na construção de plataformas flutuantes pode ser adaptada para a construção dos empreendimentos. “Há muita sinergia entre os projetos eólicos offshore e a indústria de petróleo e gás em áreas como operações, manutenção, logística e infraestrutura portuária”, explica Wataru Nosaka, CEO do estaleiro. Para Ricardo de Luca, diretor da Corio no Brasil, o litoral do país tem condições marítimas favoráveis para projetos eólicos offshore, o que vai demandar uma infraestrutura portuária adequada para a construção e manutenção dos parques. “Por isso, estamos muito ansiosos para trabalhar com os Estaleiros do Brasil e explorar como seu estaleiro e sua experiência em engenharia poderiam ajudar a estabelecer um centro para o desenvolvimento futuro de parques eólicos no sul do Brasil”, antecipa. n Eólica 12 GW Solar 13 GW LT 1.394 KM Subestações 124 Conheça-nos + Offshore + Hidrogênio Verde + BESS Em implementação
20 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 gás Avanços e soluções com a abertura do mercado Terminal da NFE em Santa Catarina: empresa é uma das comercializadoras de gás em operação no Brasil
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 21 O ano de 2024 trouxe movimentos importantes para o mercado de gás natural no Brasil, com novos players ganhando espaço na negociação dos contratos e a chegada de novos comercializadores. A tendência é que a abertura ocorra ao longo dos próximos anos, com aumento da competitividade entre as empresas. Um levantamento realizado pela Infinity Energias, com base em dados da ANP, mostra que a Petrobras detém 49% dos contratos de compra e venda de gás natural do Brasil no mercado cativo. O market share da estatal reduziu em relação a anos anteriores com o posicionamento de concorrentes como Shell e Galp. As empresas apresentam, respectivamente, 12% e 10% do suprimento do combustível no país. “A Galp acho que se destaca por ser um player que não vinha atuando tão de perto e ganhou muito espaço. Bem como a Shell, que já vinha atuando e fechou novos contratos”, analisou o diretor comercial da Infinity Energias, Lucas Tocchetto. Segundo ele, as petroleiras tentam ganhar espaço sobre a Petrobras e conseguiram assinar contratos com concessionárias tanto em 2023 quanto em 2024. A portuguesa Galp tem negócios com, por exemplo, Cegás e ES Gás; enquanto a Shell tem acordos com distribuidoras como Compagas e ES Gás. A comercialização de gás natural pela Petrobras também caiu: foram contabilizados 44 milhões de m3/dia de gás natural no segundo trimestre deste ano, queda de 6,4% frente ao período anterior. Os dados são do relatório de produção e vendas do segundo trimestre de 2024. O volume é referente ao entregue ao mercado cativo, livres e consumo interno - para o mercado não-térmico e térmico. Conforme o documento, a queda na venda é reflexo “do aumento da participação de outros agentes, decorrente do processo de abertura de mercado”. Para a analista de gás natural da Infinity Energias, Luana Macedo, o ambiente continua concentrado na Petrobras pelo histórico de infraestrutura e produção própria. No entanto, a presença de outras empresas indica uma maior concorrência e tendência de abertura do mercado. De acordo com o levantamento da consultoria, as demais petroleiras apreNovas petroleiras ganham espaço nas negociações de contratos de fornecimento e a figura do comercializador começa a se consolidar | POR ESTHER OBRIEM |
Lucas Tocchetto e Luana Macedo: investimentos em gasoduto de transporte são importantes para a redução dos custos aos consumidores 22 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 gás sentam índices abaixo de 10% dos contratos de gás natural. PetroReconcavo, Brava Energia (fusão entre 3R Petroleum e Enauta) e Equinor têm, respectivamente, 6%, 5% e 4% dos negócios no país. Já a Tradener, Origem e Edge seguem com 4%, 3% e 2% dos acordos. Por fim, Proquigel, Alvopetro, Eagle Exploração, MGas e NFE detém 1%, cada. Empresas como Brava, PetroReconcavo e Alvopetro, por exemplo, encontraram uma solução adequada conforme a escala de produção e o negócio de cada uma, segundo o presidente da Associação de Produtores Independentes de Petróleo e Gás (Abpip), Márcio Félix. Entre as medidas está, por exemplo, o aumento da oferta de gás em mercados que precisam do energético para o desenvolvimento regional. “Fundamentalmente, mostrando que existem soluções para viabilizar campos que produzem gás e que antes não eram produtivos. Tudo isso graças à vocação do operador independente que, com expertise, recursos técnicos e financeiros adequados ao porte dos ativos, os viabilizou e têm gerado emprego e renda nessas regiões onde se encontram os campos”, detalhou. Tocchetto também verificou, no último ano, uma maior presença do henry hub Líder global em cabos de aço de alta performance para aplicações Offshore. www.bridon-bekaert.com +55 11 2147-8918 +55 11 993349013 BBRG.VENDAS@bridon-bekaert.com Foto: Divulgação
24 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 gás (gás-gás) para permear algumas fórmulas, o que promove uma composição da mitigação de risco. Ele destacou que os contratos não ficam indexados somente ao petróleo por meio do brent, que vem verificando queda. “Tínhamos uma dependência de contratos que estavam acima de 13% do brent e que, de maneira geral, veio caindo. A entrada do henry hub foi para evitar que ocorresse esse mesmo processo de indexação a um componente que acabasse onerando muita a conta como ocorreu antes, especialmente no ciclo 2022-2023”, explicou. Desenvolvimento do mercado livre Já o desenvolvimento do mercado livre de gás natural ocorre em um momento de consolidação da figura do comercializador. Na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), são 213 agentes autorizados para a atividade de comercialização do energético. O gerente executivo de Regulação de Transporte e Distribuição de Gás Natural do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Tiago Santovito, explicou que antes os produtores do energético tinham comercializadores para vender a molécula tanto para o mercado livre quanto para as distribuidoras. O executivo afirmou que, agora, há a figura do comercializador como estabilizador, que compra de quem detém a molécula e revende para quem precisa. “Esse é um movimento que, nesse ano de 2024, começa a surgir e empresas estão interessadas nesse elo de comercialização da molécula”, completou. Um exemplo é a Edge, do grupo Cosan, que tem clientes do mercado livre de São Paulo e Santa Catarina. A comercializadora tem contratos com a Delta Porcelanato, Cecafi, Lef, Cedasa, Incopisos e SCGás. Também firmou negócio de suprimento de biometano com a Orizon em julho deste ano. gustavo@fopil.com.br (22) 2770-4455 Filial (19) 3709-9277 Matriz www.fopil.com.br Conexões Dupla anilha Certif. DNV na ASTM F1387 Tubos de Instrumentação em Barra e Bobina Válvulas e Manifolds Válvulas de Esfera DBB Double Block and Bleed com Certf. de Emissão Fugitiva ISO 15848-1 e Selo API 6D
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 25 A diretora-executiva de Gás Natural do IBP, Sylvie D’Apote, chamou atenção para quatro categorias de comercializadores: produtores, distribuidoras de gás, comercializadores de energia elétrica e novos entrantes. A New Fortress Energy (NFE), MGás e Edge são exemplos de novos entrantes. “Os comercializadores de energia elétrica, por exemplo, têm um portfólio de clientes que usa energia elétrica e às vezes o gás natural. Eles já aprenderam a comprar e a vender, pois o mercado abriu há 20 anos. Está no cotidiano deles e estão olhando para o mercado de gás”, pontuou. Segundo ela, o crescimento de cada comercializador vai depender da proatividade de conseguir mais fatia de mercado. “O que nós queremos? Quanto mais, melhor. Cada um compete com o outro e isso é benéfico tanto para o Contratos de compra e venda de gás natural 5G Smartphone isafe-mobile.com Always a step ahead! Innovative mobile devices for ATEX/IECEx with the most advanced technology. ISM_MA0250_240715 Fonte: Infinity Energias
26 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 gás mercado quanto para a concorrência”, salientou. Para garantir a atratividade, a Petrobras lançou, em maio deste ano, novas modalidades comerciais nas vendas de gás natural para distribuidoras estaduais e consumidores livres. As concessionárias passaram a contar com redução de preço nos contratos vigentes de venda do combustível, conforme o desempenho. Por sua vez, clientes livres receberam condições mais customizadas e competitivas. No segundo trimestre de 2024, conforme relatório da empresa, foram comercializados 940 mil m3/dia de gás natural. Entre os clientes recentes estão a Gerdau e CSN, que migraram para o mercado livre no Rio de Janeiro nos primeiros seis meses deste ano. Para Tocchetto, a expectativa é de crescimento do mercado nos próximos anos, mas é preciso de apoio regulatório. O executivo também chamou a atenção para o consumo de gás natural, que se encontra estagnado, e para investimentos em gasodutos para interiorização do combustível. “Os investimentos em gasoduto e transporte são importantes para a redução dos custos que onera os consumidores atendidos. Acredito que é o pilar para que o mercado se desenvolva, porque não existe oferta sem demanda - nem o contrário”, finalizou. n
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 27 Bruno Armbrust, arquiteto e urbanista, foi presidente do grupo Naturgy na Itália e no Brasil. Atualmente é pesquisador associado da FGV Ceri e é sócio fundador da ARM Consultoria. Escreve mensalmente na Brasil Energia Bruno Armbrust A frase destacada no subtítulo desse artigo é creditada ao falecido economista, diplomata e político Roberto Campos e está relacionada, na visão dele, com a nossa incapacidade de promover ciclos robustos e sustentados de crescimento econômico e desenvolvimento social. De fato, ao longo dos anos, tivemos vários momentos em que os ventos sopraram favoráveis e parecia que iríamos finalmente deixar de ser “o país do futuro”, mas não tivemos a capacidade de nos estruturarmos para capturar as oportunidades. No caso do mercado do gás natural, não foi diferente. Em 1998, foi aprovada a Lei 9.478 de 08/1997 que criou a Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural – ANP (que mais tarde incorporou no nome a palavra Biocombustíveis) e o Conselho Nacional de Política Energética – CNPE. A Lei 9.478/1997, além de definir as bases da Política Energética Nacional que tinha dentre seus principais Princípios e Objetivos: i) proteger os interesses do consumidor quanto ao preço, qualidade e oferta de produtos; ii) incrementar em bases econômicas a utilização do gás; iii) promover a livre concorrência; iv) atrair investimentos na produção de energia; v) ampliar a competitividade do país em relação ao mercado internacional. No entanto, quase no mesmo período em que foram publicados os princípios e objetivos da política energética do país, o Parlamento Europeu aprovou a Diretiva 98/30/EC, que introduziu na União Europeia – UE uma série de normas comuns para todos os países membros. Dentre os Princípios e Objetivos da 98/30/EC estavam: i) se buscar uma regulação mais aberta, ii) salvaguarda dos interesses gerais, iii) introduzir transparência e garantia da informação, iv) a liberalização dos mercados, v) atração de investimentos, vi) limitar a intervenção direta do governo, dentre outras. Embora os Princípios e Objetivos em ambos os casos fossem muito parecidos, até os dias de hoje, apesar de algumas tentativas e oportunidades que tivemos de implantar no Brasil um ambiente concorrencial e de menor concentração no mercado de gás no país, ainda não alcançamos o êxito esperado. Já no caso na UE, em 2003, o resultado foi outro, principalmente pela introdução de medidas como a separação das atividades reguladas daquelas sujeitas à livre concorrência, a introdução de concorrência e redução da concentração de mercado por meio de programas de Gas Release e facilidade de entrada de novos comercializadores, cronograma de migração gradual dos consumidores ao mercado livre, livre acesso às infraestruturas gasistas e acesso não discriminatório às infraestruturas do sistema gasista, dentre outros. O resultado na UE foi que, em muitos países, a abertura se deu de forma muito rápida. Nos casos da Espanha e Itália, 5 a 6 anos após a diretiva de 1998, cerca de 80% dos volumes eram comercializados no mercado livre. Mesmo com o avanço da liberalização do mercado de gás, cinco anos mais tarde, foi publicada uma nova Diretiva, a 2003/55/ EC, com o objetivo de acelerar o processo de abertura, estabelecendo que, a partir de Gás para Empregar e nossa falta de objetividade
28 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 Continuação Bruno Armbrust julho de 2004, todos os consumidores industriais, e, a partir de julho de 2007, todos os demais consumidores, deveriam eleger seu fornecedor de gás. Uma das medidas que foi de extrema importância, dentre as muitas implementadas para reduzir a concentração de mercado e aumentar a concorrência, foi o programa de Gas Release, em cada país. Na Espanha, o governo facilitou a entrada de novos agentes com a decisão de liberar 25% do gás importado da Argélia. Após dois anos, a limitação ao agente dominante acabaria. O programa estimulou uma corrida dos novos agentes em busca de contratos de importação de longo prazo. O resultado foi um excesso de oferta. Na Itália, não foi diferente e a Eni foi obrigada a aumentar em 10% a capacidade de transporte do gás da Argélia, em favor de outros comercializadores, o que resultou em uma maior concorrência. Já na Alemanha, a concorrência deu um grande passo à frente quando o mercado ficou liberado das restrições dos contratos existentes com o incumbente, o que deu aos consumidores liberdade imediata para adquirir de fontes alternativas. No Brasil, em 2009, tivemos uma grande oportunidade durante a discussão da Lei 11.909 – a primeira Lei do Gás, mas infelizmente não tivemos a coragem para formular uma lei moderna e transformadora, mesmo com os exemplos do êxito da abertura na UE. A Lei 11.909/2009 não surtiu efeito e tivemos que esperar 12 anos pela edição de uma nova Lei do Gás, a Lei 14.134/2021. Em 2022, o CNPE aprovou a Resolução nº 03/2022, que estabeleceu as diretrizes estratégicas para o desenho do novo mercado de gás natural, os aperfeiçoamentos de políticas energéticas voltadas à promoção da livre concorrência, tendo como uma das premissas iniciais a “Adoção das Boas Práticas Internacionais”. Apesar de alguns avanços ocorridos após a Lei 14.134/2021, principalmente na Região Nordeste, em razão da maior concorrência que se estabeleceu ali, ainda estamos muito distantes das boas práticas internacionais e ainda temos um mercado muito concentrado e de pouca concorrência. Em que estamos falhando? Diante da dificuldade de se avançar com a abertura do mercado de gás e do aumento da concorrência, o CNPE criou, em 20/03/2023, por meio da Resolução nº 01/2023, o Grupo de Trabalho denominado “Gás para Empregar” com a finalidade de subsidiar o CNPE na proposição de medidas e diretrizes para promover o melhor aproveitamento do gás natural produzido no Brasil. Ao longo de quase um ano e meio, foram realizadas várias reuniões públicas onde muitos agentes do mercado, associações de consumidores e consultores tiveram a oportunidade de contribuir na construção aberta e hoje, 26 de agosto, quando escrevo esse artigo, o trabalho do GT resultou na aprovação de um decreto com novas regras para o mercado de gás natural no país, dentre as quais: i) impor maior controle e restrição da reinjeção do gás com o objetivo de aumentar a oferta; ii) atuar sobre os custos atuais do acesso às infraestruturas de transporte decorrentes dos contratos legados e; iii) exercer um maior controle sob o planejamento das entradas de gás no país via terminais de GNL. Para ler a continuação desse artigo, acesse https://brasilenergia.com.br/petroleoegas/gas-para-empregar-e-nossa-falta-de-objetividade
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 29 Jerson Kelman foi diretor-geral da Aneel, presidente do Grupo Light e interventor na Enersul. Escreve na Brasil Energia a cada três meses. Jerson Kelman Os lobbies na contramão do planejamento técnico Num sistema predominantemente hidroelétrico, a variabilidade hidrológica causa volatilidade no Custo Marginal de Operação - CMO e, consequentemente, no preço spot de energia. É fácil entender: quando os reservatórios das hidrelétricas estão cheios, o CMO é nulo porque qualquer acréscimo de demanda pode ser atendido desviando para as turbinas a água que seria vertida. Ao contrário, quando os reservatórios estão vazios, o CMO é igual ao menor custo de combustível dentre as térmicas ainda não despachadas ou, se todas já tiverem sido despachadas, ao “custo do déficit”. Se o sistema for constituído por usinas hidroelétricas com capacidade de regularização plurianual, e não a fio d 'água, os reservatórios estarão mais frequentemente cheios do que vazios. Isso significa que os preços spot ficarão em patamares baixos por longos períodos e só excepcionalmente se elevarão para valores próximos ao custo do déficit. Portanto, num sistema predominantemente hidrelétrico, ao contrário de um termoelétrico, há grande incerteza sobre o fluxo de caixa baseado em receitas de venda de energia no mercado spot, o que afugenta investidores. Essa foi uma das razões da crise de 2001: faltou um sinal apropriado de preço para a expansão da geração frente a uma carga que crescia, resultando no desequilíbrio entre oferta e demanda, que se tornou visível na seca. Para corrigir o problema, a partir da reforma do setor de 2004 a receita da venda de energia passou não mais a depender do CMO e sim dos preços de contratos de longo prazo firmados entre geradores e distribuidoras, através de leilões públicos. Numa fase inicial, o único produto escasso era a energia. Havia sobra de potência e de serviços ancilares. Além disso, as usinas eram despacháveis. Por isso, e para acirrar a competição, vencia o leilão quem oferecesse o menor lance de R$ por MWh de “energia garantida”, sem preocupação com outros atributos que as usinas poderiam ou não ter. Numa segunda fase, outros atributos, além da energia, passaram a ser considerados no planejamento para garantir a segurança de suprimento. A EPE passou então a indicar leilões ainda usando a métrica de R$ por MWh, porém separados por tipo de usina, de tal forma que, tudo considerado, o resultado agregado fosse seguro. Numa terceira fase, na qual nos encontramos, a discricionariedade técnica na definição do mix de fontes energéticas foi substituída pela discricionariedade política, definida nas articulações entre lobistas desta ou daquela fonte com seus parlamentares preferidos. Tudo alimentado por leis que garantem subsídios para geradores e consumidores desta ou daquela fonte, incluídos nas contas de luz da maioria dos consumidores. Nessa bagunça, não há a menor chance do sistema ficar equilibrado, física e economicamente. Caminhamos para o desastre. Para evitar o pior é preciso reconhecer que é a dupla ONS-EPE quem sabe o que o sistema necessita e não a dupla Lobby-Congresso. Não sei se há caminho político para que essa obviedade resulte na ampla reforma que o setor necessita. Talvez seja necessária a eclosão de uma grande crise. De toda a forma, cabe a pergunta: como seria a expansão da geração e da transmissão com a dupla ONS-EPE novamente no comando? A primeira alternativa é seguir o caminho que já começa a ser trilhado com os leilões de capacidade. A dupla ONS-EPE especifica os produtos que o sistema necessitará, tanto quantidade quanto localização, em termos de energia, potência e serviços ancilares. E organiza leilões específicos para a compra desses produtos. Alternativamente, a dupla ONS-EPE só aceita como unidade geradora a usina hipotética que contenha todos os atributos. Como nenhuma usina real satisfaz esse requisito, as usinas de diferentes fontes teriam que se consorciar para conjuntamente dispor de um mix de atributos que se aproximasse da tal usina hipotética. Ou seja, os próprios agentes de geração fariam os entendimentos societários e comerciais para assegurar uma configuração de geração segura para o país.
30 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 petróleo Petrobras puxa descomissionamento, mas o ganho de escala ainda é um desafio A estatal quer se desfazer de 23 plataformas até 2028. No entanto, até agora, apenas duas foram vendidas e três têm plano de remoção. Enquanto a empresa não realiza novos leilões e escolhe compradores, as unidades vão ficar estacionadas em portos | POR FERNANDA NUNES | P-32 no estaleiro Rio Grande: plataforma chegou em dezembro/23. Petrobras prevê um ano para o desmantelamento Foto: Petrobras
Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 31 Com duas plataformas em processo de descomissionamento e planos de lançar leilões de venda de mais 21 unidades até 2028, a Petrobras lidera a criação dessa nova indústria no país, que pode beneficiar uma extensa cadeia fornecedora. O cenário atual é de aprendizagem e as projeções são promissoras, mas a visão de especialistas é que, sem uma política de governo e melhoria das infraestruturas, contratos bilionários podem acabar em outros países, como acontecia no passado. “O descomissionamento no offshore está em plena efervescência. No onshore ainda vai demorar um pouco para aquecer”, disse o consultor e especialista no tema Mauro Destri, complementando que a cadeia fornecedora da indústria de descomissionamento é gigantesca, “mas 90% dela sequer sabe o que pode fazer”. Existem, hoje, no Brasil, 88 plataformas com mais de 15 anos de instalação, das quais 53 têm mais de 25 anos. Neste último grupo, prevalecem ativos da Petrobras, mas há também unidades da 3R Potiguar, Perenco e Trident, segundo a ANP. Responsável por grande parte dos projetos, a Petrobras vai se desfazer de embarcações e equipamentos submarinos, principalmente, para seguir com o seu programa de revitalização de campos maduros concentrados na Bacia de Campos. Até agora, no entanto, apenas três plataformas estão no radar para serem removidas, além da P-32 e P-33, vendidas à Gerdau, em parceria com o estaleiro Ecovix. A P-32 está no estaleiro Rio Grande, onde vai ser desmantelada e preparada para ser entregue à siderúrgica sem qualquer resquício de óleo ou outro produto contaminante. Já a P-33 está no Porto do Açu, no município de São João da Barra (RJ), desde fevereiro, sendo preparada para também seguir para o estaleiro Rio Grande (RS), o que, pelo cronograma da Petrobras ao qual a Brasil Energia teve acesso, só deve acontecer no início de 2025. Antes disso, ainda em 2024, a P-26 e a P-37, instaladas no campo de Marlim, na Bacia de Campos, vão ser transportadas para a costa. Em 2025, será a vez da P-35, instalada no mesmo campo. E, em 2026, a P-26 vai ser entregue ao seu comprador. O problema é que o lançamento dos leilões para definir com quem vão ficar as três unidades – P-26, P-35 e P-37 – ainda não aconteceu. Sem um paradeiro, elas vão ficar temporariamente estacionadas em portos.
32 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 petróleo Fontes do setor avaliam que, neste primeiro momento de aprendizagem, a petrolífera e fornecedores estão com dificuldade de logística e infraestrutura e, por isso, o cronograma da estatal estaria mais lento do que o esperado. Ainda assim, apesar de possíveis atrasos, a Petrobras projeta ganho de cerca de US$ 1 bilhão apenas com a remoção das plataformas e dos equipamentos submarinos ligados a elas, segundo as fontes. Os trabalhos nas três unidades, até agora, estão concentrados na retirada de risers e linhas flexíveis. Oficialmente, por meio da sua assessoria de imprensa, a Petrobras reforçou que avalia “destinar valores da ordem de US$ 11 bilhões às atividades de descomissionamento até 2028”, como divulgado em seu planejamento estratégico. “Deste valor, aproximadamente 70% serão destinados ao descomissionamento de poços e os 30% restantes para o descomissionamento de sistemas submarinos e plataformas”, informou. Expectativas Ao todo, a atividade de descomissionamento vai movimentar R$ 64,4 bilhões, de 2024 a 2028, sendo a maior TELMO GHIORZI, presidente da Abespetro: desenvolver essa indústria no Brasil significa atender à demanda de descomissionamento no mundo Comissionamento foi apenas o início. Expandimos nossa expertise e realizamos mais de 24 projetos de manutenção e 14 de O&M. 26 Plataformas da UN-SEAL Utilidades do Gaslub Plataforma Peroá-1 (PPER-1) TRSP - Terminal de Regaseificação de SP comercial@forship.com www.forship.com Mais de 25 anos de excelência entregando Operabilidade e maximizando Segurança e Eficiência Operacional Líderes em Comissionamento, Referência em Operação & Manutenção
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