e-revista Brasil Energia 488

114 Brasil Energia, nº 488, 20 de setembro de 2024 Continuação Bruna de Souza Moraes inteligente, fato que não ocorre no Brasil, que tem um potencial energético enorme a partir deste aproveitamento. Segundo dados da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás), o potencial teórico de produção de biogás brasileiro a partir de biomassa residual em geral é de 84,6 bilhões de metros cúbicos por ano, suficiente para suprir 40% da demanda interna de energia elétrica e 70% do consumo de diesel. No entanto, a produção efetiva de biogás fica abaixo dos 3% do potencial teórico, sendo o setor de saneamento o que mais contribui atualmente para esta produção (cerca de 60%), principalmente através dos aterros sanitários. Para os países referência internacional em gestão sustentável supracitados, o aterramento é uma tecnologia para tratamento de lixo e não de resíduo. Ou seja, o Brasil desperdiça toneladas de resíduos que poderiam ser melhor aproveitados se houvesse um bom sistema de coleta, separação, tratamento e disposição. Mas para não deixar o otimismo de lado, temos um exemplo pioneiro no Brasil para aproveitamento energético da fração orgânica de RSU, utilizando tecnologia 100% nacional baseada na digestão seca para produção de biogás. A planta, que entrou em operação em 2017 e tem capacidade de processamento de 50 toneladas/dia, localiza-se na Estação de Transferência do Caju, Rio de Janeiro, e foi fruto de uma parceria entre a empresa Methanum, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), com financiamento do BNDES. Este exemplo mostra como a integração entre poder público, academia e setor privado permite o desenvolvimento de soluções inovadoras em benefício da sociedade. Em resumo, quebrar o paradigma do “joga fora no lixo” é o maior desafio quando se visa uma gestão mais sustentável e eficiente dos RSU no Brasil. Quando forem vistos como matéria-prima para produção de energia e produtos de maior valor agregado, com a geração de receitas e empregos a partir de seu tratamento, as oportunidades reais de aplicação não passarão despercebidas. RSU devem ser vistos como matéria-prima para produção de energia e produtos de maior valor agregado, com a geração de receitas e empregos

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