Brasil Energia, nº 489, 29 de novembro de 2024 41 zando novos parâmetros trazidos pelas mudanças climáticas. A sequência começou em setembro do ano passado, quando o nível do Lago Guaíba, desaguadouro natural das torrentes destrutivas em que se transformam os rios Taquari/Antas, Jacuí, Caí e dos Sinos, chegou a 3,18 metros, até então segundo maior da história das medições. Em novembro, a cota de setembro ficou para trás, com o lago alçando o nível de 3,46 metros, obrigando o fechamento das comportas de proteção. Finalmente, no início de maio deste ano, o Guaíba atingiu o nível de 5,36 metros, superando o recorde histórico de 4,76 metros registrado em 1941, causando pelo menos 179 mortes, milhares de desabrigados, impactando 471 dos 497 municípios do estado, inundando grande parte de Porto Alegre e praticamente paralisando a economia gaúcha. As características geográficas e os gargalos fizeram as águas baixarem lentamente, mantendo a agonia durante semanas a fio. Paralelamente às providências necessárias para evitar a repetição de erros, como o mau funcionamento das comportas do centro da capital, resta a questão de se encontrar uma solução estrutural capaz de controlar as próximas enchentes, evitando novas tragédias. O artigo “Papel das usinas hidrelétricas reversíveis no controle de enchentes”, publicado semana passada no “Journal of Energy Storage” por seis pesquisadores brasileiros, liderados pelo gaúcho Julian Hunt, indica uma solução ao custo de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 15,5 bilhões), um investimento nada desprezível mas, ainda assim, no mesmo valor aproximado das reparações decorrentes da cheia de maio passado. Especialista em armazenamento, Hunt atualmente trabalha na King Abdullah University of Science and Technology (Kaust), de Ryad, Arábia Saudita, pesA inundação na Grande Porto Alegre antes e depois, nas foto da Nasa
RkJQdWJsaXNoZXIy NDExNzM=