e-revista Brasil Energia 492

10 Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 entrevista Manuela Kayath características de ser fungível para o mercado Internacional, porque é muito difícil exportar o biometano molécula. E como o certificado deve ser regulamentado? No momento são várias minutas que estão sendo desenhadas com a participação do MME, das associações, em workshops. Mas a ideia é que seja algo simples, muito parecido com o RenovaBio, que já tem o Cbio (crédito de descarbonização para o setor de distribuição de combustíveis), negociado no ambiente de bolsa. E isso tem que ser concluído neste ano para atender o mandato que começa em 2026... Sim, inclusive a própria Petrobras, que será o maior offtaker, já lançou chamada de compra de biometano em janeiro, para entrega de propostas até março. E a estatal deixou claro que eles estão aceitando molécula ou certificado, mesmo sabendo que o certificado ainda tem que ser regulamentado pela ANP ao longo deste ano. Enquanto isso eles aceitam outro certificado de origem, caso do Gas-REC. E a Petrobras visa biometano só com certificado? Sim, a chamada prevê a venda da molécula atrelada com o certificado ou só o certificado. Aliás, no próprio limite de compra, o volume mínimo é de 90 mil m3/dia, se for a venda da molécula, e se for certificado, de 20 mil m3/dia. Porque só com o CGOB eles já cumprem o mandato, não precisa da molécula. Para os produtores é interessante porque vai ser possível vender o certificado para quem quer o atributo ambiental, e está disposto a pagar mais, ou apenas a molécula para quem quer apenas uma opção de fornecimento com custo mais baixo, certo? É exatamente isso. Não adianta querermos vender o biometano para alguém que antes estava com diesel e está feliz em migrar para o gás natural. Ele não vai pagar esse prêmio verde. O biometano é mais caro do que o gás natural por definição, em função desse prêmio verde. Só vamos conseguir de fato valorizar para quem tem esse interesse, essa agenda de descarbonização. Em Fortaleza, por exemplo, conseguimos vender o Gas-REC porque a Cegás não utiliza esse prêmio verde, caso da maior parte das distribuidoras por causa da questão da modicidade tarifária, que as obrigam a buscar a molécula mais barata para o consumidor, e ainda porque elas não são obrigadas (a descarbonizar). Os clientes mais interessados apenas na molécula seriam então as distribuidoras de gás? Sim, mas isso dependendo do estado, porque nem todos têm gás canalizado, o que só ocorre praticamente na costa. Mas imagina que há a produção de biometano a partir de algum resíduo lá em Mato Grosso, onde não tem gasoduto. E lá há uma empresa vizinha que está consumindo óleo combustível e quer migrar para o gás, porque para ela é mais barato do que o diesel ou o GLP. Então é possível vender para essa empresa a molécula do biometano por caminhão e vender o certificado para outra. Ou, de forma

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