e-revista Brasil Energia 492

108 Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 negócios que gerou uma alavancagem de R$ 37,5 bilhões, puxada por nove bancos. No total, a iniciativa totalizou R$ 44,3 bilhões, disponíveis para financiamentos sustentáveis até outubro de 2026. Segundo Assis, o programa pode ser usado por projetos como o megahub de ferro esponja para produção de aço, alimentado por hidrogênio verde, em parceria com a Green Energy Park. Ele também defende que os bancos privados ganham musculatura com o blended finance porque não conseguem fazer a estruturação do financiamento fim a fim em empreendimentos de energia. “Com o modelo, eles passam a ter produtos com riscos e retornos mensurados”. A mitigação de riscos, aliás, pode trazer uma redução global estimada em US$ 50 trilhões no processo de transição energética, segundo o consultor. Esse número foi destacado pelo relatório da Deloitte, que aponta que entre 45% e 90% dos custos de capital de projetos de energia renovável estão associados a riscos macro, técnicos, de mercado e financeiros. Uma redução desses riscos poderia diminuir em 17% os investimentos em projetos de geração eólica na América do Sul, de acordo com o mesmo documento. Multinacionais usam capital próprio Maria Eugênia Buosi, sócia de ESG Financial Risk Management da KPMG no Brasil, também destaca o blended finance como impulsionador do setor de energia. Para ela, o modelo pode ser ainda mais beneficiado com outro passo importante, que é o estabelecimento da taxonomia oficial de sustentabilidade do país. O nome parece complicado, mas é fácil de entender. Trata-se de definir, de maneira clara e objetiva, com base na ciência, critérios e indicadores específicos se uma atividade contribui para a sustentabilidade e/ ou para a transição para uma economia sustentável. A definição vem da Associação Internacional de Mercado de Capitais (ICMA, sigla em inglês). Para Buosi, o desenvolvimento da taxonomia, a cargo do MME, tem tudo para reforçar os financiamentos alocados em energia renovável, um dos trunfos do Brasil. Nesse ecossistema, a taxonomia seria como uma “organização da casa” para ampliar os financiamentos verdes via operações de blended finance. Foto: Divulgação/Casa dos Ventos

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