20 Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 transição energética caso das máquinas agrícolas movidas a diesel. A fabricante John Deere apresentou ao mercado no ano passado um trator com motor ciclo Otto movido a etanol, como alternativa ao diesel e os motores movidos a biometano. No passado, a própria Unica chegou a realizar testes com o etanol em veículos pesados, bancando um projeto-piloto em São Paulo com 50 ônibus movidos a etanol. Os motores eram ciclo diesel e contavam com um aditivo que fazia o papel da vela e reproduzia o efeito de detonador. Conforme foi anunciado na época, o uso do etanol proporcionava redução de até 90% da emissão de material particulado lançado pelos motores a diesel. O projeto, contudo, não teve continuidade. E o veículo 100% a etanol? Para a Unica, essa possibilidade depende mais da estratégia comercial das montadoras do que dos produtores. A entidade considera que os problemas de abastecimento ocorridos no final da década de 80 do século passado, que comprometeram a demanda por veículos, já foram superados. Desenvolvido nos anos 70 e 80, o motor a álcool foi o principal instrumento adotado pelo Governo brasileiro para fazer frente aos choques do petróleo de 1973 e 1979, quando o país era grande importador de petróleo. Em meados dos anos 80, a participação dos carros a álcool na frota brasileira havia superado a marca de 70%, de acordo com estimativas da época. Mas o biocombustível desapareceu das bombas dos postos no final da década de 80, um problema atribuído ao fato de o setor sucroalcooleiro direcionar a cana para a produção de açúcar, cujas cotações no mercado internacional remuneravam o produtor melhor que o etanol no mercado nacional. A crise afetou a credibilidade do Proálcool, levando consumidores e montadoras a voltarem para os veículos a gasolina. De acordo com Rodrigues, os problemas de oferta do passado não se repetiriam hoje. A produção do etanol de cana ocorre entre abril e, em algumas praças, dezembro. E o etanol do milho é produzido o ano todo. Além disso, o diretor da Unica menciona os mecanismos de controle na entressafra, como a obrigatoriedade de estoques e os contratos antecipados. Sites especializados na indústria automotiva têm dado espaço a rumores de que a Stellantis, dona das marcas Citroën, Fiat, Jeep e Peugeot, estaria se preparando para lançar um veículo movido exclusivamente a etanol. Procurada, a empresa se manifestou afirmando que “o caminho da companhia é investir em uma matriz multi energética. Inovamos na transição energética ao criar e lançar a tecnologia Bio-Hybrid, que associa a eletrificação ao motor flex. A redução da emissão de CO2 com o bio-hybrid pode se potencializar com o uso do etanol”. n Esta matéria é parte integrante da Série Especial “Ações em Transição Energética”, produzida pela Brasil Energia com o apoio de
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