e-revista Brasil Energia 492

28 Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 biorrefino emissões de poluentes de combustíveis. O processo geralmente utiliza catalisadores para aumentar a eficiência das reações. Na Unidade de Hidroisomerização, os processos são mais avançados e utilizados para a produção de óleos base, que podem ser usados na produção de combustíveis de última geração com o uso de matéria-prima renovável. “O processo é diferente porque não tem torre de destilação para separar as frações. Primeiro, hidrorrefina e depois, separa as frações”, diz França. Sobre o desafio dos custos maiores de produção, o diretor da Petrobras afirma que “os custos são maiores por conta da matéria prima, mas o preço do derivado também será premium, sem especificar valores, mas dando ênfase aos petroquímicos verdes como “muito valorizados”. Desafio da demanda O projeto de biorrefinaria 100% renovável, no entanto, é visto por alguns especialistas como um risco devido às incertezas deste mercado. “Acho que eles podem estar se arriscando demais, considerando que há projetos de unidades de biorrefino sendo engavetados nos EUA”, comentou um executivo do setor. Na visão da consultoria Catavento, o Brasil possui, de fato, um relevante potencial para investir em projetos de biorrefinarias, especialmente aproveitando sua sólida indústria de biocombustíveis. Os investimentos, segundo a empresa, podem ter papel estratégico para viabilizar a descarbonização de setores de difícil abatimento, como aviação e navegação, que podem se beneficiar do uso de combustíveis renováveis como SAF, HVO e biobunker. “No entanto, há diversas barreiras para viabilizar esse potencial. O principal desafio é o ‘green premium’ associado a esses combustíveis renováveis, que os torna mais caros em comparação aos fósseis. Como consequência, há uma baixa disposição dos consumidores finais (offtakers) para arcar com esse custo adicional”, afirmam as sócias Clarissa Lins, Bruna Mascotte e Tamara Fain em resposta enviada para esta reportagem. O diretor da Petrobras avalia que o mercado vai comportar os dois tipos de combustíveis. “Acho que teremos um equilíbrio entre o verde e o fóssil”, diz William França. Para as especialistas, políticas públicas podem estimular uma demanda inicial por combustíveis renováveis, mas a competitividade brasileira ainda não é garantida. Escala, competitividade e garantia de contratos de longo prazo ainda seguem como os maiores desafios para a consolidação desse mercado. “No Brasil, a escalabilidade e a viabilidade dos modelos de negócios para produção dos combustíveis renováveis avançados ainda são incertas”, avaliam as executivas da consultoria. Para elas, os combustíveis renováveis terão papel fundamental, mas limitado, na descarbonização global, complementando os esforços de eletrificação.

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