Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 35 A retomada da oferta dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) vem animando cientistas e ambientalistas. O fundo, que permaneceu por anos com os seus recursos contingenciados parcialmente, vem se transformando em uma importante fonte de financiamento de projetos voltados para a descarbonização e para a transição energética. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), os projetos de pesquisa desenvolvidos nessas duas frentes, entre julho de 2023 e dezembro de 2024, com os recursos do FNDCT representaram 40% do total. O FNDCT é a principal fonte de fomento à ciência, tecnologia e inovação no Brasil e também uma das bases do plano Nova Indústria Brasil (NIB), política pública lançada no ano passado pelo Governo Federal como contraponto ao processo de desindustrialização em curso do país. Apesar de sua importância, o fundo vinha sofrendo, até 2023, contingenciamentos sistemáticos. Dados compilados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que o FNDCT atingiu o menor nível em oferta de recursos em 2017, quando foram disponibilizados R$ 4,8 bilhões. Em 2023, houve uma retomada dos financiamentos, com um total de R$ 9,958 bilhões disponibilizados. E, no ano passado, o FNDCT bateu novo recorde, com um volume total de R$ 12,7 bilhões oferecidos. O maior montante disponibilizado por esse fundo até então havia sido registrado em 2013, com R$ 10,3 bilhões. Para esse ano, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), gestora dos recursos, espera que o orçamento supere os R$ 14 bilhões. A confirmação do montante depende, contudo, da aprovação do orçamento da União de 2025, que deverá ocorrer até início de março Na indústria, a retomada do financiamento de projetos com recursos do FNDCT é vista como um importante estímulo para manter o Brasil entre os países que lideram os esforços globais visando a transição energética. Especialistas citam a estimativa de que cerca de 45% da redução de emissões de gases de efeito estufa necessária para que a humanidade atinja o net zero em 2050 virão de tecnologias que ainda não estão disponíveis. “Desde que a Embrapii voltou a receber recursos do FNDCT, os projetos voltados à transição energética e descarbonização têm se destacado em nossa carteira, considerando que quase 40% dos projetos foram desenvolvidos nessas áreas com recursos do fundo entre julho de 2023 e dezembro de 2024”, destacou Alvaro Prata, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). Segundo ele, 53 projetos, de um total de 135 financiados com os recursos do fundo via Embrapii, tinham foco em transição energética e descarbonização. A instituição atua promovendo a conexão entre uma rede de pesquisas credenciada, conhecidas como Unidades Embrapii, e as empresas, por meio de um modelo por meio do qual compartilha dos riscos dos estudos oferecendo recursos financeiros e técnicos.
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