PALAVRA DO PATROCINADOR A digitalização global é irreversível. Seja no metaverso, na inteligência artificial ou no streaming de última geração, todos esses pilares da economia do futuro dependem de uma infraestrutura invisível, porém crítica: os data centers. Nesse cenário, o Brasil tem uma oportunidade histórica de liderar não apenas na América Latina, mas globalmente, alinhando tecnologia e sustentabilidade. Mas como transformar esse potencial em realidade? Não é novidade que somos o maior mercado de data centers da América Latina. São Paulo, com sua conectividade e dinamismo econômico, já atrai hyperscalers como AWS, Microsoft e Google, que anunciaram investimentos bilionários em solo brasileiro. A LGPD, que exige a localização de dados, foi um catalisador, mas há outro fator menos óbvio em jogo: nossa matriz energética. Enquanto países como a Alemanha ou a China lutam para descarbonizar redes dependentes de carvão, o Brasil gera 85% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis. Essa é uma vantagem incomparável em um mundo onde gigantes como Meta e Apple comprometeram-se a operar com 100% energia limpa até 2030. Aqui, um data center pode reduzir sua pegada de carbono de forma significativa se comparado a um similar na Europa ou nos EUA. Não se trata apenas de ESG — é economia real. A energia limpa é nossa âncora, mas não podemos ignorar os ventos contrários. Celebrar nossos recursos renováveis é essencial, mas a autorreflexão crítica também é necessária. Ainda dependemos excessivamente de hidrelétricas, expondo-nos a riscos climáticos, como a crise hídrica de 2021. Além disso, embora sejamos verdes, somos caros: a energia no Brasil custa 30% mais do que nos EUA. Precisamos contornar essas vulnerabilidades para sermos mais do que um “player regional”, mas sim um caso global de sustentabilidade que mostre que é possível. Modernizar a infraestrutura energética é urgente. Integrar parques eólicos do Nordeste e solares do Sudeste à rede nacional reduziria perdas e custos, enquanto investimentos em armazenamento por baterias eliminariam a dependência de geradores a diesel. A inovação regulatória é outro fator fundamental. Linhas de financiamento para acordos diretos de compra de energia renovável (PPAs) e a expansão de incentivos fiscais para projetos que combinem TI e energia distribuída — como painéis solares em telhados de data centers — poderiam acelerar a transição verde. *Abelardo de Sá é Diretor de Infraestrutura e Energia da Fictor. O Brasil tem a chance única de liderar a era dos data centers sustentáveis, unindo sua matriz energética limpa à inovação tecnológica. Para isso, é crucial superar desafios como custos elevados e infraestrutura defasada por meio de colaboração setorial e políticas integradas. O futuro exige não apenas eficiência, mas uma revolução que posicione o país como referência global em infraestrutura digital verde. Artigo por Abelardo de Sá* Energia Limpa e Data Centers: O Brasil como protagonista de uma revolução sustentável
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