e-revista Brasil Energia 492

42 Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 entrevista José Formigli dade de a Petrobras e sócias dialogarem cada vez mais num cenário de amadurecimento das áreas. Abaixo, os principais trechos da conversa: Após cerca de dez anos fora da Petrobras e com mais de 40 anos de carreira, você continua bastante atuante e acaba de receber o prêmio da OTC. É possível dizer que esse é um prêmio também para a Engenharia brasileira? É um reconhecimento da Engenharia nacional, certamente. E isso é muito importante. Esse não é um prêmio fácil de ganhar. Apenas um profissional é premiado por ano e a gente fica ao Sul do Equador. A Engenharia brasileira do petróleo, do upstream principalmente, deve se sentir representada. Essa premiação demonstra que projetos de longo prazo, no Brasil, dão certo. Tem a questão também de a gente contar com um ambiente de confiança para ideias novas, de haver tolerância a um determinado nível de risco por projeto. Sem isso não há destaque. Quais são as principais dificuldades e oportunidades para a Engenharia de petróleo, no país? A gente tem um problema básico para conseguir formar uma boa massa crítica de alunos que prestem vestibular ou Enem e façam bons cursos. O que a gente percebe, infelizmente, é que a capacidade de atração de bons alunos para as faculdades de Engenharia vem diminuindo. Mas essa é uma questão associada aos ensinos fundamental e médio. Todos sabemos que há uma deficiência muito grande. Muitos precisam fazer cursos de reforço quando chegam na faculdade. O problema é que, muitas vezes, esses cursos de reforço competem com as matérias intrínsecas à Engenharia. Além disso, muitas universidades, principalmente as públicas, sofrem problemas sérios de disponibilidade de verba e gestão. Isso não é bom. Quando eu trabalhava na Petrobras, dez anos após a queda do monopólio, conversando com professores e alunos, era comentado que onde havia dinheiro para projetos de P&D (pesquisa e desenvolvimento) havia uma aura boa, até por conta da necessidade de gestão (dos projetos). São ilhas de professores e infraestrutura com recursos para darem boas aulas. Existe um movimento também de muitos alunos rejeitarem a opção por uma carreira profissional na área de petróleo por conta da transição energética. No Brasil, diria que não. Não passamos pelo mesmo problema de países desenvolvidos, em que a juventude não se sente tão atraída por trabalhar com óleo e gás. Pelo contrário, nos concursos que a Petrobras faz e nas seleções das operadoras, sempre aparecem interessados. A questão é a qualidade dos alunos. Na área de Engenharia, em geral, menos em óleo e gás, há um problema também de ordem salarial. Vejo pessoas formadas, trabalhando como engenheiro, que são qualificadas pelos empregadores como analistas e não recebem

RkJQdWJsaXNoZXIy NDExNzM=