Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 45 Wagner Victer é engenheiro, administrador, ex-secretário de Estado de Energia, Indústria Naval e do Petróleo, e ex conselheiro do CNPE. Escreve mensalmente na Brasil Energia. Wagner Victer No início da minha carreira profissional, com frequência realizava visitas em instalações na Região Amazônica para ministrar aulas nos cursos de formação de engenheiros da Petrobras. A antiga Refinaria de Manaus então funcionava como uma base regional dos cursos da empresa, quando as questões ambientais já estavam presentes e em pauta pelo início do desenvolvimento da produção na Região do Urucu. Durante essas visitas, escutei um pensamento diferente de um professor que, aliás, até hoje leciona na Universidade Federal do Amazonas. Ele dizia: “O que mais impacta a natureza e o meio ambiente é a miséria e a falta do emprego”. Essa frase que, aliás, nunca mais me saiu da cabeça, estava associada a então importância da implantação da Zona Franca de Manaus, como elemento central de uma política pública destinada a retirar pessoas da atividade de extração florestal não controlada e predatória pela simples necessidade de sobrevivência e/ ou falta de oportunidades. Décadas depois, os movimentos para a preservação ambiental da Região da Amazônia têm recebido maior atenção da sociedade, legitimados pela questão do Clima e da Biodiversidade, e o desenvolvimento sustentável ganha dimensão sequer imaginada no passado. As políticas ESG (ASG) escalaram, não só como estratégias nas empresas, mas até para fundos de investimentos. Porém, muitas vezes, isso aconteceu sem que a tese do antigo professor fosse refletida, pois a associação de letras da sigla do “Environmental” deve obrigatoriamente conviver com o desenvolvimento simultâneo de infraestrutura “Social”. Ou seja, não há a dimensão de que o “Ambiental” estará resolvido sem que a questão Social também seja igualmente desenvolvida. Aliás, a própria adequação do Ambiental ao Social já mistura infraestruturas essenciais, como por exemplo a do saneamento básico, para prover a população de água de qualidade, coleta, tratamento final e adequado de esgoto e lixo, drenagem, entre outros compromissos. A visão em sentido amplo do Social associado ao Ambiental já está claramente identificada como prioridade central nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os desenvolvedores da Agenda 2030 da ONU explicitaram claramente, na ODS 1, que a “Erradicação da Pobreza” é de importância para a real sustentabilidade integrada. Fato é que, ao contrário do que alguns propagam, a Bacia da Foz do Amazonas existente em todo o litoral do Amapá, uma das cinco bacias da Margem Equatorial brasileira, tem muito a ganhar na sustentabilidade ambiental caso aconteçam uma eventual descoberta e a consequente produção de óleo e gás na região. Eventuais descobertas com a exploração da Margem Equatorial e, particularmente, em estados como o Amapá, podem resolver problemas históricos sociais, com reflexos positivos e significativos para o meio ambiente. Da mesma forma trariam fonte segura, sustentável e significativa para investimentos na preservação ambiental da própria região, em especial no combate ao desmatamento. E, ainda, atrair importantes investimentos para o saneamento, coleta e tratamento final adequado do lixo e do esgoto, com fortes impactos da saúde pública na região metropolitana. Exploração na Margem Equatorial e os benefícios ao Meio Ambiente Continue lendo esse artigo em: petroleoegas/exploracao-na-margemequatorial-e-os-beneficios-ao-meio-ambiente
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