e-revista Brasil Energia 492

Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 47 Rubem Cesar Souza é professor na Ufam e Unicamp, diretor do CDEAM e presidente do Fórum Permanente de Energia da Ufam. Escreve na Brasil Energia a cada dois meses. Rubem Cesar Souza Não se pode falar em transição energética sem olhar para a indústria de hidrocarbonetos, pois, sabidamente, ainda vamos ter que conviver com a mesma por muito tempo, cenário este previsto mesmo quando se considera o mais otimista avanço para as fontes renováveis de energia. No entanto, é possível e necessário pensar que essa indústria pode e deve sofrer mudanças significativas em seu modus operandi. Lançando o olhar para a Região Amazônica, pode-se considerar que o marco da atividade petrolífera na Amazônia se deu com a entrada em operação da refinaria denominada Companhia de Petróleo da Amazônia (Copam) em 6 de setembro de 1956, embora tenha sido inaugurada somente em 3 de janeiro de 1957 com a presença do presidente Juscelino Kubitschek. Após a Petrobras ter assumido o controle acionário da Copam em 1974, esta passou por mudanças em sua razão social até ser denominada de Refinaria Isaac Sabbá, em homenagem ao seu fundador. Em 2022, a refinaria foi vendida para o Grupo Atem, passando a se chamar Refinaria da Amazônia (Ream). Outro marco referencial no desenvolvimento da indústria de hidrocarbonetos na Amazônia foi o início da exploração de petróleo na província de Urucu no Estado do Amazonas em 1988, pela Petrobras. Registre-se que nessa ocasião a Petrobras anunciou que o gás natural associado ao petróleo seria reinjetado nos poços até poder ser aproveitado. Em 2009, portanto, vinte e um anos após o início da exploração de petróleo, entra em operação o gasoduto Urucu-Coari-Manaus, para suprimento veicular e de termelétricas, sendo posteriormente estendido para atendimento de demandas no setor comercial, industrial e residencial. Apesar disso, em 2023, de acordo com a ANP, ainda foi reinjetado 46% de todo o gás produzido no Estado do Amazonas. Passados 36 anos do início da exploração de hidrocarbonetos na Região Amazônica brasileira a situação ainda é de grandes déficits na oferta de derivados de petróleo, como pode ser observado na tabela a seguir. E quanto aos biocombustíveis associados ao óleo diesel e a gasolina A? Considerando o ano de 2023, nenhum litro de etanol anidro foi produzido na região e somente 35,8% do volume de vendas do biodiesel adicionado ao óleo diesel foi produzido na região. É inegável a geração de recursos financeiros para a União, estados e municípios associados à indústria de hidrocarbonetos. Em 2024 o montante de recursos de royalties da indústria de hidrocarbonetos distribuídos na região Norte foi da ordem de R$ 418 milhões e deste aproximadamente 42% se destinaram aos cofres municipais. Salta aos olhos o caso do município de Coari no estado do Amazonas que recebeu em torno de 41% dos royalties destinados aos municípios de toda a região e que, estranhamente, não apresenta infraestrutura compatível com essa arrecadação, além de deter um IDH de 0,586 de acordo com o IBGE, o qual é considerado baixo. Vale registrar que foi em Coari que teve início as atividades de produção de petróleo na Amazônia e, portanto, estamos falando de décadas de arrecadação municipal significativa. A carência na Amazônia de uma indústria de O&G mais presente Continue lendo esse artigo em: petroleoegas/a-carencia-na-amazonia-deuma-industria-de-og-mais-presente

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