Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 77 Marcelo Souza de Castro, graduado em Engenharia Mecatrônica e doutor em Engenharia Mecânica, é diretor do Cepetro, da Unicamp. Escreve na Brasil Energia a cada dois meses. Marcelo Souza de Castro Recentemente, informações divulgadas sobre o projeto Sirius da Petrobras na Colômbia apresentaram a ideia de interligar ativos com linhas de mais de 130km, utilizando tieback em sistema subsea to shore e evitando a instalação de plataformas na região. Nos sistemas desse tipo, novos ativos são interligados a infraestrutura já existente no caso dos tiebacks ou mesmo diretamente a infraestruturas na costa, no caso dos sistemas subsea to shore. Desde muito tempo, e dados os vários acidentes e o perigo relacionado com o trabalho embarcado – com recorde de acidentes em 2024, segundo a ANP - muito se discute a ideia de não se ter mais plataformas e toda a infraestrutura necessária para a produção de petróleo ficar no leito marinho, direcionando os fluidos para a costa. Isso reduz enormemente o custo operacional e até mesmo de infraestrutura, visto que as restrições de espaço de uma plataforma não mais existiriam, bem como não haveria a necessidade de atuação constante humana in loco. Com isso, diversos projetos têm sido pensados dessa forma, com especial atenção para projetos que excedem, facilmente, 100 km no Mar do Norte, Golfo do México e a costa africana. Apesar dos projetos em andamento, muito ainda há que se discutir sobre o tema, principalmente relacionado com o processo de marinização dos equipamentos ou mesmo problemas de garantia de escoamento (termo cunhado dentro da Petrobras e hoje usado no mundo todo como Flow Assurance). Em um texto anterior, discutimos o desenvolvimento do Hisep para separação de fluidos no cenário do pré-sal, reinjetando os gases no reservatório e escoando apenas líquidos para a superfície, sendo que o primeiro equipamento está previsto para entrar em operação em alguns anos. A separação de fluidos é um dos temas de maior impacto nas tubulações cada vez mais longas. Voltando ao tema de Garantia de Escoamento, as linhas longas aumentam o tempo de troca térmica da mistura de fluidos produzida com o leito marinho a baixíssimas temperaturas. Tal situação pode acarretar deposição de parafina, formação de hidratos, emulsões estáveis, entre outros problemas, aumentando a necessidade de passagem de pigs para a limpeza das tubulações ou mesmo tornando modelos de escoamento multifásicos utilizados hoje menos eficientes, como no caso de fluidos não- -newtonianos. Ainda, uma pergunta importante é: até que ponto a utilização de isolamento térmico é interessante, visto o elevado custo associado? Ou é melhor produzir em condição de cold-flow? Sistemas de tratamento de problemas de garantia de escoamento no leito marinho são necessários? Voltaremos ao tema de Garantia de Escoamento em detalhes em um próximo texto. Ainda, sistemas de boosting e manutenção de pressão se farão cada vez mais necessários, bem como maior sensoriamento de toda a produção, garantindo a segurança das operações, e um maior número de ROVs e outros robôs para manutenção dos equipamentos e atuação remota. Subsea to Shore: o futuro do petróleo cada vez mais próximo Continue lendo esse artigo em: petroleoegas/subsea-to-shore-o-futurodo-petroleo-cada-vez-mais-proximo
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