98 Brasil Energia, nº 492, 28 de março de 2025 hidrogênio uma revisão estratégica, com ameaça de fechamento de nova fábrica de eletrolisadores na França, que recebeu incentivos federais para a sua construção. A empresa Nel também anunciou suspensão temporária de sua unidade de produção de eletrolisadores alcalinos na Noruega. Os exemplos não param por aí. A britânica Jonhson Matthey, segundo a Westwood, sofre pressão de seu maior acionista, a Standard Investments, para limitar os investimentos em hidrogênio verde, e passou por redução de 83% em seu orçamento de negócios voltado para a área. Como solução para manter a cadeia produtiva durante esse período crítico, e não colocar mais em risco os projetos futuros de hidrogênio verde, a consultoria reforça a necessidade de mais incentivos dos países, que podem vir em forma de financiamento ou em alternativas como os chamados seguros de desempenho. Neste último caso, a análise cita uma alternativa criada para ajudar a fabricante Topsoe, que conseguiu um seguro que garante fluxo de caixa e cobre custos de dívida durante a construção, comissionamento e operações de seus eletrolisadores de óxido sólido. Outra fabricante, a Sunfire, conseguiu um financiamento de 200 milhões de euros, sendo 80% dos recursos do governo alemão, para permitir escalar suas operações e atender pedidos sem precisar antecipar pagamentos com os clientes. De volta ao fóssil Ambas as soluções, porém, de caráter financeiro, podem não ser suficientes para garantir a saúde operacional da cadeia produtiva no médio prazo, explica a Westwood, visto os movimentos de retração nos investimentos de players importantes, como BP, Shell e Equinor, que revisaram drasticamente seus projetos de hidrogênio verde. A BP, em fevereiro, anunciou retorno estratégico de foco para o mercado de petróleo e gás, seguindo caminho já adotado por Shell e Equinor no fim do ano passado, que reduziram os investimentos em energia verde por conta das pressões de investidores preocupados com a baixa rentabilidade dos projetos. A BP, especificamente, anunciou redução de projetos de hidrogênio verde e de captura de carbono. Em combustíveis fósseis, por outro lado, haverá aumento de 30% nos investimentos, para US$ 10 bilhões anuais, enquanto haverá corte de mais de US$ 5 bilhões em renováveis, sendo que nesta seara a prioridade estará em projetos de biogás, biocombustíveis e carregamento de veículos elétricos. A puxada de freio no hidrogênio verde, para a BP, tem a ver com a lentidão na implementação das políticas públicas dos países, atrasos em desenvolvimentos tecnológicos e custos mais altos, cenário que incentiva a baixa disposição de clientes em pagar o prêmio verde pelo hidrogênio de baixa emissão de carbono, ou seja, de fechar contratos de compra de longo prazo para viabilizar os projetos. A mudança de estratégia dos desenvolvedores, que coloca em risco a cadeia produtiva, não envolve apenas as petrolíferas. A Fortescue, que tem projetos para serem desenvolvidos no Ceará, no Brasil, também reduziu os gastos em sua divisão de energia verde em 20%. No
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