e-revista Brasil Energia 485

Brasil Energia, nº 485, 29 de fevereiro de 2024 71 Magda Chambriard, engenheira, mestre em Engenharia Química e Civil, é diretora da Assessoria Fiscal da Assembléia Legislativa do RJ (Alerj) e sócia da Chambriard Engenharia e Energia. Escreve na Brasil Energia a cada três meses. Magda Chambriard Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, o Brasil deve fechar 2023 com US$ 93 bilhões em saldo comercial, resultado de uma corrente de comércio de US$ 575 bilhões, com exportações que somaram US$ 334 bilhões e importações de US$ 241 bilhões (Secex/ MDIC, outubro de 2023). Tais números, associados aos resultados da balança comercial de petróleo e derivados, dão a exata noção da importância dessa indústria para o país: de janeiro a novembro de 2023, o resultado da balança comercial de petróleo e derivados atingiu a importante cifra de US$ 24,2 bilhões (26% do resultado nacional). É pacífico o entendimento de que esse grandioso resultado foi devido ao esforço empreendido para a aceleração do desenvolvimento do pré-sal ou, mais especificamente, para a aceleração do desenvolvimento das gigantes descobertas nacionais (Tupi, Búzios, Mero, Sapinhoá etc). Mas é importante que se diga que, à época desses empreendimentos, se pretendia mais. Além do desenvolvimento do Pré-Sal, também se pretendia mais refino para agregar mais valor ao óleo nacional e atender as demandas do Nordeste, principalmente. Nesse sentido, vale analisar os números acima. De janeiro a novembro de 2023, as exportações líquidas de petróleo cru somaram US$ 30,2 bilhões. Exportou-se em média 1.474.890 bopd[1] de petróleo cru, auferindo- -se uma receita de US$ 38,8 bilhões, e importou-se em média 302.914 bopd, que representaram um desembolso de US$ 8,6 bilhões (as importações são necessárias para majorar a eficiência do parque de refino nacional). No entanto, como o país não é autossuficiente em derivados, parte das receitas geradas pela exportação líquida de cru foram consumidas com importações de derivados, dentre eles o diesel, além da nafta, gasolina etc. No total, foram importados em média 583.300 bpd de derivados, gerando um desembolso de US$ 17,1 bilhões. Em paralelo, o refino nacional gerou um excedente a ser exportado, principalmente de óleo combustível, de 363.238 bpd. Essas exportações geraram uma receita de US$ 11,1 bilhões, auxiliando a mitigar as despesas de importação. Com elas foi possível se chegar a uma importação líquida de derivados de US$ 6 bilhões, em 2023[2] (Figura 1). O elevado montante despendido com importações de derivados fez que, à época das descobertas do Pré-Sal, se pretendesse ampliar a capacidade de refino do país, para Ampliação do Parque de Refino por quê? Figura 1 - Comércio líquido de petróleo cru e derivados Fonte:ANP

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