e-revista Brasil Energia 485

Brasil Energia, nº 485, 29 de fevereiro de 2024 85 Wagner Victer é Engenheiro, Administrador, ex-Secretário de Estado de Energia, Indústria Naval e do Petróleo, e ex Conselheiro do CNPE. Escreve mensalmente na Brasil Energia. Wagner Victer É natural que as discussões em relação às diversas oportunidades e fontes de energia evoluam dentro da dinâmica da busca pela maior economicidade, e isso acaba trazendo também outros ganhos não previstos, como os ambientais, e às vezes até estimulando uma evolução além das expectativas, como aconteceu, por exemplo, com as fontes de geração eólica e a solar. Muitas vezes esses resultados são inicialmente induzidos por políticas públicas, como fizemos através do Proinfa, cerca de 20 anos atrás, onde alavancamos algumas fontes como: biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e as eólicas, na ocasião basicamente onshore, que patinavam por falta de uma demanda firme mínima. Naquela época as fontes renováveis, especialmente a solar e a eólica, pouco eram incentivadas e só eram usadas em sistemas isolados. Hoje em dia, contudo, essas tecnologias ganharam uma dinâmica fantástica no país, a ponto de termos atualmente uma capacidade brutal instalada (13% da nossa geração é eólica, e 18% solar, somando centralizada e distribuída). Essa transformação virou ao mesmo tempo um grande vantagem, mas também um grande desafio no sentido de potencializá- -la como uma fonte firme de energia. A questão de serem duas fontes intermitentes de geração de energia, especialmente a solar, com capacidade instalada da ordem de 40 GW, lança fortes desafios para garantir a paridade entre os elétrons que estão gerados e os elétrons que estão sendo consumidos na ponta (que também está atingindo recordes por conta do calor desse último El Niño). Isso cria a oportunidade de potencializar outras fontes pouco emissoras, porém ainda de baixa eficiência energética e elevado custo para a sociedade, como o hidrogênio verde, que ao menos pode ser armazenado e que, a partir de uma logística adequada, poderá no futuro ter também uma contribuição limpa fora dos momentos firmes de geração. Essa discussão, que não é feita apenas no Brasil, mas em todo mundo, ganhou uma boa dinâmica local no artigo feito pelo ex-diretor da Aneel, Edvaldo Santana, com o título: “Sairá caro para o consumidor de energia”. O artigo destaca os riscos das fontes de energia intermitente no Brasil, que cresceram em um nível acima das previsões, graças também a elevados subsídios que na prática estão impondo custos para toda sociedade. É fato que esses subsídios contribuíram em muito para a redução da rentabilidade de muitas distribuidoras de energia que, apesar de não terem a geração como atividade fim, acabaram perdendo excelentes clientes para sistemas de Geração Distribuída e estão tendo que suportar e oferecer estrutura para absorver a oferta solar diurna e ao mesmo tempo sendo obrigadas a aproveitar esses créditos dos consumidores para o horário de pico (noite). Ou seja, algo que seria altamente lógico para uma demanda pequena, porém que começou a deslocar blocos de energia significativos e clientes importantes de distribuidoras. Na mesma linha, a Aneel, de maneira correta, colocou até dezembro do último ano uma Consulta Pública (39/2023) para discutir como rentabilizar e fomentar os sistemas de armazenamento no Brasil, especialmente aqueles através de baterias. Esta é uma alternativa muito promissora e uma grande oportunidade para “consertar” os problemas da energia solar e da eólica. Os sistema sob discussão têm uma profunda análise no paper feito pelo pesquisador associado da FGV Energia, Francisco Victer, sob o título: “Nova Regulamentação da Aneel para o Armazenamento de Energia: Desafios e Oportunidades de 2024 a 2027”, que apresenta as oportunidades dentro da regulação proposta e coteja com o movimento que acontece no exterior dentro de um processo de reA bola da vez do setor elétrico brasileiro será a armazenagem

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